Versos terminais aos loucos

Vozes desfiguradas a ressoar

no meu ser todo conturbado,

afogadas neste hediondo ar;

a soluçar, assolando-me o fado!

Tosses cuspindo minha vida em escarlate,

por razoes de acintoso desprezo.

Réus são os pulmões, símeis e negros,

a apodrecer em deleite, eis a repulsiva verdade…

A doença consumiu-me o porvir,

sugou os detritos d'uma sutil juventude,

fez-me um hórrido boçal a se ferir

para aliviar a sede por morte, amiúde.

Desdenho meu ser em embriaguez;

sem garrafas ou copos, é puro o delírio,

dissolvido em estrofes que ostentam lucidez

Com fins redundantes d’outro pseudo-suicídio…

Duda Checa
Enviado por Duda Checa em 30/11/2011
Código do texto: T3365342
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