Passarinho das penas amarelas

Hoje venho contar a história

De um pássaro que não sabia cantar

Guardo sempre na memória

Seu esforço para assobiar

Bichinho do bico laranja

Que pousa todo dia em minha janela

Mas o talento que esbanja

Sai somente das penas amarelas

A voz do passarinho

Fica presa no ar

Mesmo tentando de devagarzinho

Não consegue cantar

O pescocinho com força estica

Tentando o problema resolver

Mas a voz presa fica

E o pequenininho começa a aborrecer

Todo dia na janela do meu quarto

Tenta me acordar com um assobio,

Mas levanto, deixo-o e parto

E ele sai triste e arredio

Certo dia ele cansado

Desistiu de tentar assobiar

Enquanto voava desanimado

Começou a se lembrar

Dos ensinamentos da velha coruja

De quando estava aprendendo a decolar

“Não devemos entregar de lambuja”

Aquilo que estamos a sonhar

Relembrando o passarinho se alegra

E volta seu objetivo buscar

O esforço que nunca nega

Fez-se o sonho realizar

Porém sua voz sai apenas

Nas manhãs de vento quentinho

Aonde chega balançando suas penas

Na janela do meu quarto, onde fica seu ninho.

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