Espelho
Me diz espelho, quem sou eu?
Não me venhas com mentiras, que me vejo:
Estou atento as minhas perguntas
Que eu mesmo me respondo:
Será que ainda posso voar,
Mesmo que seja um plano de voo?
Será que ainda poderei sonhar, mesmo dormindo?
O que o tempo tem feito com a minha pele
E o brilho dos meus olhos?
O que o tempo tem feito comigo?
Me pergunto e me respondo:
O tempo é o tempo.
Não há combate, porque não há vitórias, nem derrotas.
A única solução é viver!...
Acostuma-te amigo, respondo a mim mesmo,
Envelheces, sóbrio e sombrio,
Feito a mais antiga árvore
Que habita um lugar desconhecido.
A realidade não é diferente daquela que imaginas!...
Solta-te, grita e urra em frente ao espelho.
Ele não repara o desmantelo nem a infelicidade.
Gargalha da própria mudez, nua e fria.
Mas cultivo, ainda, uma alegria que habita meus sentimentos
E nesses momentos torpes, entre eu e o espelho,
Descubro um mundo nunca habitado,
Porque meu ser é dado a conversas e conselhos.