Fuga de Bach
                                 


                                          porque o toque da música supera o humano


 



...e essa fuga que não se esquiva
em quase orgânica beleza 
pois que na fuga cerebral, há sempre desnatureza.
Fuga de viés que estende-se e repercute

Polifonia de vozes, eu tantas, lá pelas tantas,
de noite vejo sóis nascendo
num gracioso arranjo de muitos dias.

Tudo tão volátil  e no entanto, nada escapa...
São as modulações da fuga:

Um desfecho revela-se intervalo
aludindo a variações que desconheço.
Cadência na tônica de um gozo
Espargindo-se moroso em prelúdios 
Fuga humana, toca meus flancos e foge.
Tudo é fugaz e, mesmo o momento
Não é mais do que um tanto faz.

Nota dissonante, sonata amabile...fuga
Que reste a música e um devaneio:
Pontas de dedos sensíveis tateando meus medos.
Tão macias como as de um Bach.
Lentamente elas fecham meus olhos
Para os olhos que não devo olhar.

Se nesse adverso e consonante movimento
mãos que desconheço tocam-me
e eu, disponibilizo meus nervos

Bem poderia ser o mesmo
com esse impreciso instrumento chamado : Corpo.
Ana Valéria Sessa
Enviado por Ana Valéria Sessa em 26/11/2011
Reeditado em 27/12/2011
Código do texto: T3358333
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