Ele, escrita e Eu, canção
Eu queria ser escritor.
Escrever contos e romances,
Novelas em novelos,
Onde tudo acabaria bem.
Escrever artigos para jornais
Fotografando em palavras
O dia a dia:
Crônicas e narrativas.
Escrever redações,
Cartas, bilhetes
(que fossem feito ramalhetes)
As neuras gramaticais
E as canetas vermelhas
C.A.S.T.R.A.R.A.M.
-me
Feito o punhal de meu avô
Próprio para castrar porcos
Em sua fazenda.
ESCREVO só POESIAS
feito Vitória de Samotrácia
asas abertas para voar.
Ainda assim
Procusto quer rimar
Eu, remar!
Ele quer metrificar,
Eu,
desmitificar
E
desmistificar.
Ele, escrita
(letra morta)
Eu, canção
(melodia viva).
L.L. Bcena, 08/08/2000
POEMA 588 – CADERNO: INSTANTES.