"Intempéries"

Intempéries...

Erupção de sentimentos

Variável, persistente, implacável

Cheia de violência, indomável

Fria, insensível, potente

Intransponível, inclemente...

Vendaval arrasta emoções

Achatadas, amassadas

Caem jogadas, tropeçadas

Nas pedras já desgastadas

Cansadas, pobres, coitadas...

Diluem-se ao vento

Até se reduzirem a pó

Calcinante calor, esse amor

Pedrinhas disformes no turbilhão

Jogadas fora, no arrastão...

Chove torrencialmente

Lava chagas, tempera tristezas

Num clamor desesperador

Chove grosso, chove fino

Embriagadas em estertor...

E a chuva lavando, levando

Lava tudo, leva nada

Só ficam jogadas na estrada

Folhas caídas, amareladas

Amassadas, molhadas

Folhas já desencantadas...

E, na ventania que corre solta

Os sentimentos voam também

Voam livres, esvoaçantes

Sozinhos sem ter ninguém

Flutuam a vida, somem no além...

Intempéries das emoções

São relíquias nas orações

Aos trambolhões se misturam

Indefinidas se amontoam

Sem ter rumos, sem direções...

Previsão do tempo:

Instável, sujeito a chuvas

A trovoadas, ventos, ventanias

Em torrentes de nostalgias

Temperatura baixa, tão fria

Silentes, dormentes, querentes...

Depois de tudo passado

Lavado, levado, encharcado

O sol nasce quadrado

Frio , até desesperado

Mas vem vindo devagarinho

Dando vida, tirando espinhos...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 12/07/2005
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