Borboleta azul
Dos teus sonhos, onde tudo É, surgiu a borboleta azul que encantou os teus olhos
Deu-me teu riso angelical e fascinado, quando tudo era enevoada tarde quieta
Sorriam as centenárias árvores do riso que tu sorrias
E a borboleta formosa voou feito fada e Sininho a alumbrar o teu sonho
com pó de pir lim pim pim
Do vôo fez um balé com graça e sentimento profundo
Pois enquanto a borboleta escrevia no ar arcanos em poesia
E a tarde, langorosamente, vinha ornando o perfume celeste das colinas
A gente via que nascia nos teus olhos de menina
Que em ti nascia um mundo
E este mundo era só teu
Eram só teus estes segredos libertos no vôo da borboleta
E estes segredos tão leves
Cabiam no azul de safiras do estandarte do céu
Cabiam na Alma que anseia pela liberdade entre magnas estrelas
E eis que chega o momento em que Alma e borboleta, como signos, são iguais
Alma que ondula em seu casulo de matéria umbrosa, pura e profana
E em mim pousou-me a Alma numa noite em que o vôo era incerto por conta dos vendavais
que na noite redourada escreveram teu nome em mim
Acenderam-se as fogueiras pelos meus olhos molhados de te pensar
nas noites verdes que vão nos ventos dos vendavais
Feriu-me os olhos a Tua excelsa beleza e caminhei como cego encoberto por esta chama inextinguível
Caí como caem as estrelas que, findas em potência, resvalam no Amor Divino
e se transformam em mensageiras do sonho de algum menino
Como caem as estrelas tocadas por Tuas mãos
E cai da noite verde uma estrela que os dedos do anjo tocou
Cai uma estrela de Deus que os lábios do anjo soprou
Caem estrelas da verde noite
São mantos sagrados de anjos que vêm de um céu de cetim e glicínias
Senhor, porque não me levas assim
como uma estrela em seu fim
como um risco no céu
acendendo a escuridão que há em mim?
Senhor, eu Lhe peço, mostra-me a Paz, de onde vem...?
Liberta meu coração interdito e que conheces tão bem,
apaga em mim esta noite, sol sangrando cinzas em fogueiras adversas
Dá-me o silêncio solitário onde ouço somente a Tua voz a dizer-me versos
com os quais aguardo o momento de partir
Dá-me que na tranquila doçura dos Teus braços a morte me seja breve
Senhor, nada mais Lhe peço,
Amém