Falso poeta
Sou um falso poeta que brinca com palavras.
Não consigo uma rima, prosa,
Ou algo que se aproxima,
Não vejo a beleza das rosas,
Tão pouco vejo nuvens quando olho para cima.
Quem me dera observar as curvas de uma mulher,
Lábios, olhos, mãos e o que vier.
Nada de devaneios, sussurros ou pesadelos,
Sou um falso poeta,
Não sei fazer apelo.
Queria enxergar o que poucos enxergam,
A gota de chuva que escorre pelo vidro sem um caminho certo
Mas que seu fim é cada vez mais perto,
E vai rastejando lentamente até a borda da janela
Ou caindo a beira de uma calha,
Como um suicida em seu triste fim,
Desmontando seu corpo canalha
Queria entender a felicidade que crianças teem em brincar,
Compreender quanto de sabedoria de um velhinho há num bocejar,
Ou até mesmo o papel de uma lesma ao rastejar.
Mas nada disso consigo,
Fico aqui com um vinho barato, nicotina e meia luz,
Seguindo em frente com a minha meta,
Mas por enquanto, sou apenas um falso poeta.