Vazio. (Entre as poeiras e caixas no quarto de Mr. Samsa)

Que vazio é esse que toma meus órgãos

Que ao mesmo tempo foge e adentra o lugar comum

Lugar comum desta poesia barata

Entranhada nos papéis repletos de bolor

Que escondo de baixo da cama

Nuca é possível se dizer tudo

O regresso de certa forma é incompleto

Havia uma possibilidade, um pingo de chance

Mas falto,

E falta sempre o que não pode faltar

Se fosse possível voltar

Levando tudo separado por tópicos no bolso

Faria diferente e faria bem

Mas agora tudo é tão mais difícil

Com todo esse tempo, quilômetros e mar

Mas agora eu não sei o que sobrou

Daqui só vejo a poeira se amontoando nos cantos

E as caixas que se empilham pelo quarto

Como posso querer mudar as coisas

Se a maçã ainda apodrece enterrada em minhas costas.

23/11/2011.