Ternura

Dorme, em algum canto do mundo, a Ternura verdadeira,

em meio a fitas de cor, afetos, divagações.

Dorme a Ternura entre amigos,

entre abraços repousados,

sem receios,

nem temores...

Dorme a Ternura numa gaveta secreta,

num céu azul de janeiro,

numa manhã de neblina,

olorosa, suspendida,

por uma aurora cor de rosa

Dorme a Ternura em jardins,

em flores de âmbar,

no debruado das pétalas pressentidas,

no exílio branco da rosa inefável

A ternura dorme no lírio,

noivo da Alma

Adormece nas tardes alheadas,

nos olhos dos girassóis

Dorme a Ternura da Vida aninhada na flor da cerejeira,

entre poemas dúbios que a minha Alma sonda

nas espiras voláteis que alçam-se do sândalo ao ar

Dorme a ternura nas rendas das ondas

que ardem ao ócio do mar,

no vôo airoso da gaivota

Dorme, em algum canto do vento, a Ternura verdadeira