Vago de ti...

Das ruínas de teu coração

Suguei gotas e gotas de um rastro

E teu olho cor de madrugada

Deslizou escondidas luzes

Onde o vento plagiou teu perfume...

Minha sombra adormecida te espera

Na veia da boca fria perdida no último beijo imóvel

Confundido com o sabor único da morte...

A louca dor de voar sem tuas asas

Deixar na noite o tempo consumir

Meio ao infinito medo do nada...

O lábio navegando errante

Na água vaga e na terra muda

Uma esquecida maçã de outono

Onde depositei o rosto com a ferida fresca

No antigo silêncio inquebrável

Tua ausência vive e sofre enterrada

Na triste raiz das pétalas doces

No sangue da seda

Na seiva da folha

No grito do cristal

A obscura dália saliente floresce

E morro vivendo

Vivo morrendo

Vago num cálice vazio de ti...

Diego Martins
Enviado por Diego Martins em 22/11/2011
Código do texto: T3350808
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