Vago de ti...
Das ruínas de teu coração
Suguei gotas e gotas de um rastro
E teu olho cor de madrugada
Deslizou escondidas luzes
Onde o vento plagiou teu perfume...
Minha sombra adormecida te espera
Na veia da boca fria perdida no último beijo imóvel
Confundido com o sabor único da morte...
A louca dor de voar sem tuas asas
Deixar na noite o tempo consumir
Meio ao infinito medo do nada...
O lábio navegando errante
Na água vaga e na terra muda
Uma esquecida maçã de outono
Onde depositei o rosto com a ferida fresca
No antigo silêncio inquebrável
Tua ausência vive e sofre enterrada
Na triste raiz das pétalas doces
No sangue da seda
Na seiva da folha
No grito do cristal
A obscura dália saliente floresce
E morro vivendo
Vivo morrendo
Vago num cálice vazio de ti...