Poeta - (Inspirado no poema "Pra que fazer poesia...?", de Malgaxe).
Perguntas: “por que fazer poesia?
Se a realidade é hipócrita,
E perfuma mãos incompetentes”?,
Sob o risco de ser idiota
Desequilibrado e mesmo demente
Me abro em versos sem simetria.
Se “eles não sabem onde está a lua
E rasgam a vida ao dizer eu te amo”
Não só das ruas não são poetas
Nem só dos lábios são profanos
Como os desencontros das retas
Num corpo de mulher nua.
Pois a vida é poesia,
E viver é ser poeta.
Mesmo no negro eclipse,
No fundo da alma está a lua.
E um “eu te amo” é demonstrado
Com ou sem palavras...
Ainda bem que no meio desse caos, Poeta,
“divagas sobre a poesia”.
E mesmo após a morte permitida
Ressuscitas outra vez a fantasia
Em sua inspiração já combalida
Pois teu poema é imortal.
Quanto à mim, apenas me aventuro a pôr para fora
Aquilo de que meu íntimo está cheio,
Versos sem ritmo, métrica ou rimas.
Pois acredito que a poesia é o anseio
Que brota do fundo da alma e aninha
Em seu ventre, toda dor que o corpo chora.
Enquanto você e eu, em “inventisses” vagarmos
A poesia e sua magia estará salva.
Mesmo que não caiba no meio acadêmico
Nossos versos vindos do íntimo, da alma
Vão contagiar, num abalo forte e endêmico
A inspiração do poeta adormecido.
E que seu poema faça rir,
O riso fácil e o riso sincero
Que causem calafrios,
Que criem a emoção que espero.
Pois és poeta, então, vai
e poetize... com esmero.
(Inspirado no poema "Pra que fazer poesia...?", de Malgaxe).