Soneto Noturno
Dormir, dormir, dormir... A indiferença
De olhar o mundo como quem abdica
E soltar a alma na amplidão extensa,
Sonhando, sonhando, com a alma mais rica.
Dormir, sonhar, quem sabe? Não se explica
A louca intuição do ser que pensa.
A vida é sonho e dela nada fica,
A própria Natureza nos dispensa.
Basta fechar os olhos e construir
O real, na fuga vã das horas fluidas,
Na grande noite do grande intuir,
Pois após todas as canções perdidas
Basta dormir, dormir, dormir, dormir
E acordar pro sonho de outras vidas..