Existem dores que não se aplacam
Existem dores que não se aplacam
Bactérias que a alma atacam
Paixões que são surtos infecciosos
Adoecendo todos os corações nossos
Fungos que não se saciam
Mitos que são sombra e irradiam
Parasitas com planos formidosos
De tornar os homens cabulosos
Pragas que logo se alastram
E tão cedo tudo devastam
Trucidam os sonhos tão formosos
Transformam os campos jovens, em idosos
Desde novo e já haviam
Feito de nós o que pretendiam
Fizeram-se anjos rutilosos
Para ceifarem-nos os anos mais ditosos
Gafanhotos que as garras pairam
E que nunca, jamais se fartam
Arrancam a pele aos leprosos
Faz-nos transmissores perigosos
A saúde inteira nos arruinam
São vírus que se transmutam
Ora são venenos ardilosos,
Ora serão antídotos amorosos.