O quanto isto doía

Eu me meti a ser poeta

E agora estou morando

Neste beco sem saída

Procurando versos nos regos

Nas casas de má fama

(Eu me meti a ser poeta

E não vi que sou

Um molambo dependurado ao vento)

Nas faces marcadas pela crueza da vida

Nos meninos de pés atolados na lama

No silêncio que invade as janelas

Nos ratos que comem restos nas panelas

Eu me meti a ser poeta

E não sabia

O quanto isto doía

***

taniameneses
Enviado por taniameneses em 21/11/2011
Reeditado em 24/01/2013
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