O quanto isto doía
Eu me meti a ser poeta
E agora estou morando
Neste beco sem saída
Procurando versos nos regos
Nas casas de má fama
(Eu me meti a ser poeta
E não vi que sou
Um molambo dependurado ao vento)
Nas faces marcadas pela crueza da vida
Nos meninos de pés atolados na lama
No silêncio que invade as janelas
Nos ratos que comem restos nas panelas
Eu me meti a ser poeta
E não sabia
O quanto isto doía
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