Minha Mente
Amiga, inimiga,
Traiçoeira e querida.
Cheia de escárnio
A zombar de meus belos
E relutantes ideais.
Raposa esperta
Que me espreitas,
Com olhos rindos, a bajular
Das más lembranças
Que eu quero apagar.
Trouxestes-me a visão amarga,
A imagem nítida e dolorosa,
De tantas cenas insanas,
Que, em vão, tento espanar;
Hei sempre de me cuidar.
Afastei, de meus olhos, esta vil imagem,
Retrato amargo, sádico e perverso,
A fazer de meus sonhos, pesadelos,
De meus sorrisos lábios, mudos.
A transformar grandes olhos em ilhas
Desertas e vazias, distantes, longínquas.
Hei sempre de te censurar!
Por não me poupares a escolha,
Nem me perguntares,
Apenas me apresentares
O que gravastes ao longo dos anos.
És causa de tantas tristezas minhas...
Em belos momentos aparecestes
Com tuas negras faces, hediondas.
E lutei e relutei contra ti.
E ora te venci, e ora te cedi.
_____________Izabella_________________
(Primeira poesia publicada em 1977, quando uma disritmia cerebral quase me enlouqueceu de vez).