MERCEDES
Na rua que sobe e desce
Nada de novo acontece
Uma janela se abre quando amanhece
Uma porta se fecha quando anoitece.
Uma boca grita escancarada
Duas pernas correm em disparada
Uma cara se esconde mascarada
Uma flor morre pisoteada.
Na rua que sobe desce
Nada de novo acontece
A poesia adormece
A lama endurece
A tarde fenece
A noite acontece
A estrela aparece
A mão do amante sobe e desce
Num carinho que enlouquece
A boca se oferece
Num beijo que amolece.
Tudo sempre igual
Nada de bilateral
Nem cartola e nem roupa no varal
Na mesmice
Na caretice
Um fetiche
Pelos vãos das paredes
As curvas de dona Mercedes
Alegram a molecada
Que em feliz revoada
Lá pras bandas dos matagais
Em travessuras descomunais
Vão sonhar com as 'curvas' e muito mais!!!