O Correr dos Dias
No silêncio triste
das montanhas
flutua o vulto
embaçado
das manhãs sem finalidade,
desliza mansamente
ao lado
do espectro das tardes
futuras,
enlaça o das noites
passadas,
tão corridas e vazias.
A alma das coisas
morre pouco a pouco
nas folhas
que o vento arrasta.
E, ao longe,
num último gemido
o suave cantar
de uma cigarra ...
Lu Narbot
Do livro Versos ao Longo do Caminho - Campinas, 2004