SONO OCULTO

Sono para mim parece

uma agulha no palheiro:

quando penso lhe encontrar

o barulho aparece,

como em casa de ferreiro.

Só durmo quando amanhece,

não me agrada o travesseiro;

ao querer me agasalhar,

minha cabeça aquece,

dói e arde por inteiro.

Hora da matinal prece...

levanto, vou pro chuveiro,

exausto a cambalear.

Esse estado me aborrece,

vivo triste, em cativeiro.

A insônia enfraquece,

muda a luz em nevoeiro,

a alegria em pesar,

nada mais me apetece...

nem ascensão, nem dinheiro.

Ambrósio Henrique
Enviado por Ambrósio Henrique em 20/11/2011
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