SONO OCULTO
Sono para mim parece
uma agulha no palheiro:
quando penso lhe encontrar
o barulho aparece,
como em casa de ferreiro.
Só durmo quando amanhece,
não me agrada o travesseiro;
ao querer me agasalhar,
minha cabeça aquece,
dói e arde por inteiro.
Hora da matinal prece...
levanto, vou pro chuveiro,
exausto a cambalear.
Esse estado me aborrece,
vivo triste, em cativeiro.
A insônia enfraquece,
muda a luz em nevoeiro,
a alegria em pesar,
nada mais me apetece...
nem ascensão, nem dinheiro.