AS TROCAS

Este tempo é patina escorrendo entre garrafas

e musgos entre vapores e sujeiras e mofos e bolores

do comércio

que não para de vender objetos mortos às formigas

que passam e sentem seus cérebros sendo atraídos

através de seus olhos

Impõe-se

a imagem real

que farta

a mente de detalhes

inúteis e

o vômito encontra o ápice

Sei que quando o tempo engolidor de dias se extinguir

arrastando consigo os conflitos todos

e os musgos, as garrafas, as sujeiras, os bolores e os mofos

todas as conexões se encaixaram mecanicamente

no tempo rolando então; não me peça para definir

o que digo e eu não insistirei para você acordar...

Vou apagar a luz e não ver

pássaros de metal sobrevoando o quintal

das pálidas borboletas

Vou fechar meus olhos e esquecer

as permutas e os interesses e o clientelismo tão banal

em negras maletas

Mas num segundo apenas meu, estremeço, reflito

É...até agora, isto tudo, este poema, não existia

e talvez seja realmente uma bela porcaria

reconhecer sua existência

com alguma reticência

no entanto

a estrela de pedra fria foragida entre as noites

permaneceu imóvel

longe do tempo que é patina

e longe da luz da vela vacilante

Morpheus