CANÇÕES DO CHÃO**

cato cacos de vida,

palavras preciosas

no chão da literatura

cato cacos humanos

e pessoas sem risos

no chão da vida

cato lírios no asfalto

e sons de aquários

no ácido da cidade

canto canções cegas

de bocas banguelas

e gritos aflitos

faço literatura de feira,

poética torta,

sem eira nem beira

canto, analfabeto,

a literatura barata,

bárbara e esquálida

trago no peito

o som preto dos becos

e a pele vermelha dos índios

sou pouco, mas sou farto,

recolho, reciclo e espalho

revolta e revôo de pássaros.

cp-araujo@uol.com.br