sem razão pra falar de flores

não...

não posso falar de flores

não tenho nenhuma razão

não consigo esquecer as dores

que vivem presas no coração

não...

não domino o meu destino

nem tenho apreço

ao sofrimento

já faz tempo

amei uma certa mulher

que entrou na minha vida

simplesmente

como entra uma qualquer

veio em silencio

aquela sorrateira

enfim

como quem não queria nada

fingiu que gostava de mim

me invadiu a madrugada

tomou o meu lado da cama

me tirou do meu sono

esperta

vestiu só a parte de cima do pijama

se enfiou embaixo das minhas cobertas

passei noites inteiras

amando a tal fulana

dias e noites

noites e dias

todos os fins de semana

muitas garrafas de vinhos

comidinhas e doces

muitos beijos e carinhos

foi tudo o que ela me trouxe

mas não era o bastante

nem tudo o que é bom

satisfaz

eu adorava ser seu amante

mas nunca consegui sequer

ter um minuto de paz

amando assim essa mulher

acabei doando a minha alma

acabei me causando um desastre

aquela dona

aquele traste

de repente no meio de tudo

me abandona

me deixando a deriva

olhando os navios

num mar de saudade sem fim

hoje eu navego só

a procura de um porto

de um corpo

de um cais

de um outro peito

de um outro abraço

mas tanto fez

tanto faz

agora vou com bastante calma

sem entregar minha vida

sem doar outra vez

minha alma

nunca mais

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 18/11/2011
Reeditado em 19/11/2011
Código do texto: T3343412