ESPELHO
Olho fixamente o que o espelho me mostra,
Os cabelos já embranquecidos pelos tantos dias,
Olhos lerdos, ou mais atentos, aos instantes,
E a pele enrugada pelas memórias das gavetas.
Reconheço-me sim no reflexo e me apraz o que vejo,
O semblante é de quem muito viveu e teve e se deu,
A juventude já não brilha, o viço já não encanta,
A vaidade já não irradia, a pressa já não apressa,
O riso ainda é o mesmo que eu via no velho espelho.
É sempre assim, sempre essa viagem,
O espelho se encanta e assisto encantado,
As imagens que minhas lembranças projetam,
Rio e me acalento no desenrolar do enredo,
Entristeço e me vanglorio nas memórias espelhadas,
E sorrio satisfeito, por não assistir arrependimento.
Quase sempre é assim, no meu espelho encantado,
Um projetor de vida, da minha vida, que assisto só,
E só, rememoro a vida, a minha vida, que não foi só,
Solidão somente nas frestas de lapsos de momentos,
Construídas pela necessidade de medir os ventos,
Refazer rumos, ajustar bússolas e continuar navegando,
Pela vida afora, pelos dias afora que agora fico a assistir.
E sem perder o jeito, dou um jeito no cabelo,
Sorrio para meu riso satisfeito pelo que vejo,
E saio para continuar o enredo que assistirei outro dia.
Olho fixamente o que o espelho me mostra,
Os cabelos já embranquecidos pelos tantos dias,
Olhos lerdos, ou mais atentos, aos instantes,
E a pele enrugada pelas memórias das gavetas.
Reconheço-me sim no reflexo e me apraz o que vejo,
O semblante é de quem muito viveu e teve e se deu,
A juventude já não brilha, o viço já não encanta,
A vaidade já não irradia, a pressa já não apressa,
O riso ainda é o mesmo que eu via no velho espelho.
É sempre assim, sempre essa viagem,
O espelho se encanta e assisto encantado,
As imagens que minhas lembranças projetam,
Rio e me acalento no desenrolar do enredo,
Entristeço e me vanglorio nas memórias espelhadas,
E sorrio satisfeito, por não assistir arrependimento.
Quase sempre é assim, no meu espelho encantado,
Um projetor de vida, da minha vida, que assisto só,
E só, rememoro a vida, a minha vida, que não foi só,
Solidão somente nas frestas de lapsos de momentos,
Construídas pela necessidade de medir os ventos,
Refazer rumos, ajustar bússolas e continuar navegando,
Pela vida afora, pelos dias afora que agora fico a assistir.
E sem perder o jeito, dou um jeito no cabelo,
Sorrio para meu riso satisfeito pelo que vejo,
E saio para continuar o enredo que assistirei outro dia.