OS DIAS
Diante da tua insensatez
observo o lirismo das telhas quebradas,
as linhas paralelas dos fios elétricos,
a luz vazada nas vidraças das janelas.
Repousam poemas nos teus olhos:
buracos pelas ruas,
mulheres... palavras desconexas,
colisões de sons – televisores, cachorros, liqüidificadores, rádios...
Sem que possas perceber
esvai-se o tempo, esvai-se a vida, esvaem-se as pessoas.
Põe sentido em tudo que olhares,
possa ser esse olhar o derradeiro.