DEIXA ROLAR**

Deixa rolar o ímpeto retido,

os sons tortos.

Deixa o novo correr

como água de boa fonte.

Deixe rolar as palavras todas,

as mais proibidas, as não ditas,

as malditas,

as palavras chaves, retidas...

Deixa rolar a vida negada

dos sem-nome,

dos excluídos, todos,

dos sem chances de expressão.

Deixe a porta aberta,

o vento entrar, espalhar papéis,

misturar letras, trocar páginas,

bulir prateleiras estanques.

Deixa rolar os sons tortos,

dissonantes, destoantes...

nuvens brancas de um céu azul

descoberto e luminoso.

Deixa rolar a arte,

o poeta mostrar seu verso de protesto contra a farsa,

a política nefasta

que néga festa ao povo

Deixa a periferia falar.

Deixa rolar os sons todos,

Os sons tortos.

Deixa rolar.

cp-araujo@uol.com.br