APEAR
Apeo-me dos meus entraves,
dos meus insumos de consumo,
para que livre desses vieses
caminhe cada dia no prumo.
Desço estrada abaixo,
acima quem sabe, do lado,
nalgum lugar que não tenha lixo,
possa eu apear sem retardo.
Olhos ao longe, pensamentos divagados
sonhos vivos de cores e fantasias,
as vezes interrompidos
por vagares e demasias.
Descalça por sobre a terra
sinto latejar sob os pés,
o pulsar de quem um dia, in-terra
me receberá sem arnês.