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*para Diai
Hoje amanheci árvore seca coberta de orvalho
e um cheiro de sol deitava por cima dos meus cabelos.
Despertei com um sonho mais velho e o meu desprezo entregue aos nobres.
Não tive a capacidade da mosca
e nem a decisão firme da água das chuvas em dias de sol
ou dos traços do sol em noites de sombra.
Hoje amanheci um tronco abandonado ao limo
sem minhocas, sem besouros, nem sequer a gosma da lesma
e sem ninguém dentro.
Eu continha um som opaco e sem gosto.
E, da lata, contive o peixe enferrujado do Manoel.
Espero notícias da mulher que não tem tatuagem de borboleta ou libélula
e que não possua um girassol. Nem tivera 12.
Que não tenha marca ou nome de flor.
Ela vai chegar hoje.
Vem do Pará.
E, com ela, eu fico poço de água esquecida faz tempo nem chegou;
terra preta, úmida, em mata fechada sem conhecimento
de gente, de serra ou de fogo;
árvore entregue aos gorgeios dos pássaros;
da mesma altura do Alberto Caeiro.