Visão passageira
Eu que já andava a cismar
De mudar de calçada
Num relance a olhar para a outra
Avistei uma flor.
Com olhos de tanto amor
Olhava a tarde ensimesmada.
Que olhos aqueles. Pousaram urgentes
No meu lado da rua
Só não sei se era a mim o que viam.
Eu que já me apressava
A mudar de calçada
Conteve-me um carro, outro carro
Deteve-me um ônibus, uma van.
E quando a rua sobrou para o trânsito
A flor sumiu nas vitrines.
Até hoje não sei se surtei
Se foi apenas miragem
Só sei que seus olhos levei
Na minha bagagem.