“A MULHER DOS AMIGOS”
Por maior fidelidade, sempre é a preferida, com ela, detalhamos a nossa dor,
a nossa chamamos pelo nome, a ela de meu amor.
Falamos da nossa prá ela, nunca dela prá nossa,
contamos os nossos problemas, falamos da nossa fossa.
Conhecemos nossos amigos, através das suas tristezas,
uma forma ardilosa, de manter-se a nós, presas.
Uns olhares, bem discretos, prá que só ela distingüa,
a audácia e o prazer, de esfregar na boca a língua.
Quando estamos a dançar, sempre a apertamos mais,
mantém-se sempre calada, mas afastar-se jamais.
Por vaidade e desejo, quase sempre atura,
pois notamos no seu rosto, o prazer da aventura.
Sempre nos tornamos cúmplices, falando das nossas fossas,
elas não falam prá eles, e nós não falamos prás nossas.
Quando agimos desta forma, não pensamos em nenhum o mal,
mas corremos sempre o risco, dos amigos agirem igual.