MOROSIDADE

Mais uma vez,

Esbarro na mesmice

De um lamentável amanhecer.

Antevejo a penosa rotina

Do moroso e tedioso despertar.

Cá do auto, no cume sombrio

De meu despedaçado mundo,

Espio lá embaixo, um curral

Povoado por raquíticos transeuntes.

Todos apressados, inquietos.

Numa frenética busca

A procura de nada, um vazio.

O rosnar desdenhoso da impaciência

Acumula-me, fazendo florir

Um arrebatador cansaço,

Decorrente de inúmeras batalhas.

O que pesa não é o fardo

De consecutivas e impiedosas derrotas,

E, sim, o esmorecimento da mente

Que lateja o enfadonho corpo.

Um evidente e oportunista nojo,

Preenche e abate o desconfortável coração.

Olhei, a manhã estava tingida de negro.

Pássaros sombrios e borboletas assustadoras,

Como que; tencionando arrastar-me.

Percebi cochichos desmerecendo-me.

Estavam rotulando minha alma por definitivo.

Paulo Izael
Enviado por Paulo Izael em 12/07/2005
Reeditado em 01/08/2005
Código do texto: T33364