Organismo Tétrico

Um verme passeia sobre meu corpo sem vida

E se nutre da carne apodrecida sem temor,

Células mortas que o tempo desintegrou

São vitamina para operários de uma natureza desvalida.

Sugam-me as vísceras esfomeados homicidas

Que atentam desordeiros dentro da frialdade da terra,

Bebem da minha essência o cálice que encerra

Uma memória que respirou o éter de uma existência consumida.

Restam ossos que molduram infecto esqueleto

Cuja identidade foi transformada em inédito amuleto

De uma personalidade que labutou solene nos teares da poesia...

Concretismo que configura em cadeia átomos de amor

Numa simbiose em cuja plataforma o tempo desterrou

Os microorganismos que se saciaram de minha energia!

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Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 14/11/2011
Código do texto: T3335848
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