Inveja ao Poeta Maior

Ai, que inveja ao Poeta Maior!

Pôde poetizar sua saudade paterna.

Li sua poesia.

Rolaram lágrimas,

Inveja de sua infância com seu pai.

Eu tive pai.

a mim não foi permitido ir ao seu encontro

quando ele voltava do trabalho;

dar-lhe o bom dia e lhe perguntar:

como vai? –

dar-lhe o beijo quando dormia na cadeira de balanço

(nem havia balançar – só trabalhar);

admirar suas mãos;

sentir os pêlos de sua barba...

Ah, Grande Poeta!

Que inveja de tua meninice!

Tiveste pai e o afeto dele.

Eu tive pai,

roubaram-me sua paternidade.

Fiquei sem seus abraços e beijos.

Sou carente

e só um escrevente.

L.L. Bcena, 21/06/2000

POEMA 549 – CADERNO: GUERRA DOS MUNDOS.

Nardo Leo Lisbôa
Enviado por Nardo Leo Lisbôa em 13/11/2011
Código do texto: T3333050
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