Inveja ao Poeta Maior
Ai, que inveja ao Poeta Maior!
Pôde poetizar sua saudade paterna.
Li sua poesia.
Rolaram lágrimas,
Inveja de sua infância com seu pai.
Eu tive pai.
a mim não foi permitido ir ao seu encontro
quando ele voltava do trabalho;
dar-lhe o bom dia e lhe perguntar:
como vai? –
dar-lhe o beijo quando dormia na cadeira de balanço
(nem havia balançar – só trabalhar);
admirar suas mãos;
sentir os pêlos de sua barba...
Ah, Grande Poeta!
Que inveja de tua meninice!
Tiveste pai e o afeto dele.
Eu tive pai,
roubaram-me sua paternidade.
Fiquei sem seus abraços e beijos.
Sou carente
e só um escrevente.
L.L. Bcena, 21/06/2000
POEMA 549 – CADERNO: GUERRA DOS MUNDOS.