Concha
Um toque de seus dedos mal- pintados
revelam:
o piscar, a pálpebra, o pulso
o ínfimo, o infinito
que paira e para e contem é contínuo
aos toques dos delicados pés na areia
que vagam, que vão e voltam
viajam, vertem a vertigem
e adornam as bordas de adunes
sob o simples. Sobre o divino.
Uma célula mal caída do céu em teus braços
desvela:
o trágico, o mal tragado
mito mortífero
rito rasgado
luz lacônica
breve interminável
A Dança
que desintegra perante o mar
e puxa e repulsa
o intacto totem inalcançável.
O brinco de seus lábios desabrocham:
o todo,o tudo, o tântrico
o gosto, o grisalho do tempo
e o novo natural, nesga vital
A Bala, o doce, sabor
a bala, o sangue, o ardor
a bala o balaustre o belo o branco brilhante e o beijo:
beija o baú da história e todos os arbustos do Éden;
Compõe as chamas, a água, os mares, o ar e a terra
sal e suor e saliva
que Sobem e sabem os oráculos do tempo.
O balançar de teus cabelos afaga:
a penitencia, a essência e a existência
o simples e o complexo, difícil-fácil
e toda geometria por de trás da vida
as folhas, as florestas flancos e flandres
das árvores, armas, das copas
que dançam no vento e nos mirtos do tempo.
Dançava as contrações de um espectro, de uma alma
que arfava e criava:
todas as ágatas dos umbrais escondidos
e as crisálidas e crisópases
dos marfins de um veraneio
nos mármores e rubis preenchidos de sangue da masmorra
sendo os topázios verdes como olhos de um refugiado
e inspirava e expirava os sândalos de um parto.
Dançava aos passos frenéticos
E o peso de seu calcanhar indicava as novas sementes que viriam fertilizar o solo, sulco e o passado perdido da Terra acariciados com os temperos de sua Aura.
Terminado o Baile
seus joelhos subiram a montanha
e perante seu ventre abriu-se a paisagem
Mire!
De tudo, o todo e a todos verás....
És uma concha!
E sou eu o pequeno pescador que traz a prata viva do mar para sustentar sua futura família!