FOME
A tosca mesa de madeira.
Em cima a malga do caldo quente,
Alumiada pela luz fraca do gasómetro.
Parte a dura codêa de broa
Com as mãos calejadas da dura jorna,
Silva o vento nas frestas de parede granìtica
O bailar das sombras em redor da mesa,
Nas paredes caiadas de pobreza.
É o vento a anunciar o mau tempo.
De sol a sol, trabalhou o dia inteiro.
É sempre natal quando um homem quiser.
E a fome, vem sempre, quando não se quer.