VOLTANDO À PÁGINA - III  > A pedido do meu amigo e colega  advogado Leonardo Hainer, radicado na Suiça, estes dias revisitando Brasília.

VERLAINE

Eu sou o homem natural
Que sou
No pensamento de Rousseau.
De Baudelaire quero as flores
Não o mal.
Quero um mundo sem as dores
De um Schopenhauer.
Quero a felicidade
O amor
De um Rimbaud
Sem o determinismo insólito
De um Hipólito
De um Hippolyte Taine
Pois que poeta sou,
Como Verlaine.


- Hermílio -


INSTANTE POÉTICO

Um poeta só é poeta
no poético instante.

Antes,
há uma fissura - ave inquietante -,
a incitar-lhe o corpo,
a perturbar-lhe a alma.
Num momento vão,
voa da mente à mão
e pousa-lhe na palma.

Durante,
perde-se nas plumas – carícias rimadas -,
em penas soltas, peles excitadas.
Faz do papel lençol, grafando amores,
liquefaz-se o sólido em suores,
o verso em ápice
e um momento épico,
rígido, suavizando ardores
em delírio de letras.

Depois,
quando o coração, razão e instinto
nesse ato se consomem
num momento extinto,
de emoção fugaz,
do poeta a poesia se desfaz
e nele fica simplesmente o homem.

- Hermílio -


LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 12/11/2011
Reeditado em 12/11/2011
Código do texto: T3331508
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