Tela inanimada
Sonhei com uma tela
Branca e inodor
Lentamente surgiu uma flor bela
E um jardim apareceu em esplendor
As rosas derretiam
Cada uma delas chorava
Nas gotas rostos refletiam
Perfume sem igual o semblante exalava
Procurei-me nas gotas sem parar
Perdi-me ao encontrar o rosto de meu amado
Que amargo, tornou-se soprano a gritar
Que nunca mais haveria lugar para mim em seu torso suado
Permaneci imóvel e coloquei-me a lembrar
De viagens, paisagens e flores sem lugar
Encontrei-me na tela que eu mesma pintei
Chorei, sofri, mas por fim resignei
Acordei e afobada me fiz
Uma cortina em meus olhos se ergueu
Lembrei do empinado de meu nariz
E que o amado ainda é meu