Manhã de domingo
Pessoas vão trabalhar
Se espremem nos onibus lotados
Pessoas saem do bar
Com trajes surrados.
Disputam tragédias pessoais
Ou até mesmo problemas banais
Pra talvez um desconto conseguir,
Ou alguem que os faça sorrir.
Pessoas que não tem carro,
Andam de pés ou de trem.
Não tem sequer alguem
Que lhes dê um vintem.
Putas disputam seu ultimo cliente
Ele sorri embriagado,
Saidos todos de um mundo doente
Com as duas a seu lado.
Mendigos dormindo nos pontos
Nas marquises, estão sempre prontos
Dispostos a qualquer coisa fazer
Por quem lhes der de comer.
Meninos a fazer malabares nas ruas
Perdidos num mundo que não é seu
Sorrindo com roupas imundas
Onde foi que ele se perdeu?
E o voyeur que lhes escreve,
Observa a tudo atento,
Triste, sorrindo, com ar de contentamento
Ainda que breve.
E sabe no fundo,
Que um dia tudo há de ruir
As putas, As pessoas
E os bêbados a sorrir...