Em onze do onze

Morri no primeiro dia do ano onze

Era justamente o primeiro dia em que amei

Algo efêmero, que acabara de acontecer

Intensamente, tive febre e delirei

Suspirei... Subi as velas, naveguei

E, parti cantando “In-A-Gadda-Da-Vida honey...”

Foi-se, se partiu... Em onze do onze

Junto com a febre, o amor, cunhado numa estátua de bronze

Mas, ainda deliro, deliro muito e ao chegar esqueço o pavor

Desde então, decidi não mais amar, só sofrer, sentir dor

Ah, como eu queria ter-me tornado substância rija!

Ser desconfiado como Neruda tendo a firmeza dum pedaço de metal

Ainda não sei ao certo o que sou agora...

... Parte do mar ou um pensamento de George Bernard Shaw?

E, pelo vento que sopra de Minas fui amolado

Amolado por tanto tempo que percebo, deste lado

Direito, estou deixando de existir novamente

Ficarão apenas as coisas que cortei?

Um livro de Drummond na estante?

Aquele mesmo livro que, por egoísmo, não doei?

E, essas coisas...

... Cortarão outras coisas até se desgastarem também

Desgastado estou...

Ah, vou descansar, sim eu vou!

*Homenagem ao “Iron Butterfly”

E sua clássica canção “In-A-Gadda-Da-Vida” (1968)

Marciano James
Enviado por Marciano James em 10/11/2011
Reeditado em 10/11/2011
Código do texto: T3328311
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