QUINTA ESTAÇÃO
A noite é uma estação
Paira no silêncio sepulcral das tardes
Nos cantos das casas, nos beirais das ruas
No pórtico do cais, nas sacadas
No mais recôndito e escuro lugar
Por trás dos livros, volumes puídos das histórias ancestrais
Esgueira-se por portas mudas
Por escadas de espirais e cai
Nos lugares em luz
A noite é uma estação
Bela como menina (faces rosadas de sol)
Mãe dos artistas bêbados
Dos ladrões, dos mochos, dos bares que não fecham
Medonha quando tardia
Serena quando manhã
A noite é uma estação de poetas.
Poema do livro Navios Abstratos (Fortaleza, 1987)