Resta-me...
Véra Lúcia de Campos Maggioni
Vera&Poesia
Para o poema “O que me resta?” da poetisa Zena Maciel.
Resta-me...
Deixar a pétala separar-se da corola.
Furar, quem sabe, uma grande ‘ola’.
Crer num motivo pra rosa abrir ou se ir.
Resta-me...
Dizer sim, à vida, ao sabor do vento.
Aquietar a dor, prisma do lamento.
Certificar do amor, relevância, a nobreza.
Resta-me...
Dizer sim ao tempo ido e ao vindouro,
Ao poder da lágrima-mor, saliva d’ouro.
Sabendo do fulgor, valorizar o expoente.
Resta-me...
Sonhar nas nuvens brancas da Vida. -
Reconstruir nos vãos e vigas, o ninho, -
Trajar ossos e olhos de passarinho.
Resta-me...
Renascer ao perfume da flor do dia! -
E ao entardecer manter a luz latente.
Ver, espírito e matéria, ao inteiro o ente.
Resta--me...
Na semente de cada segundo estar presente.
Ser, nas mãos do pensamento o espelho, o Mundo,
Dum instantâneo fenômeno, imanente pano de fundo.
Véra Lúcia de Campo Maggioni
Vera&Poesia
Em 7 de setembro de 2011.
Direitos autorais reservados
OBS: Escrito, especialmente, para acompanhar o poema “O que me resta?” da poetisa Zena Maciel.
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Véra Maggioni