AGOSTO

Os olhos do céu cerraram em desespero profundo

E cegaram pelas espadas de luz

As mãos perderam o tato

De aterem-se à vida

E frearam as palvras antes de proferidas.

Os meninos estancaram o pranto

Por não haver mais tanto por chorar (nem dor).

E as mulheres e as meninas

Formas dissipadas

E as cerejeiras sedentas

Tombaram sem cor

Hiroshima, meu amor.

Poema do livro Navios Abstratos (Fortaleza, 1987)