Despida

Não consigo deitar em minha rede

Cochilar e pensar no futuro

Ouço o povo reclamando com sede

E o barro que era úmido

Agora está rachado e duro.

A comida que havia na mesa

Era exuberante com fartura

Hoje já é dosada com calma e frieza

Requentada e refeita na fritura.

O trem caminha para o fim

Nem sonhar se pode mais

A indignação tomou conta de mim

Exportaram meus cereais.

Minha água potável diminuiu

Nem alcança o nível da caixa

De dia ela não veio

O restante,

Durante a noite simplesmente sumiu

Não sei se está em baixa

Ou foi a alta da taxa.

O lençol está cada vez distante

E a água não está tão doce

Já não há pressão no hidrante

Como antes fosse.

Procuro a cachoeira no paredão

Onde eu banhava com as meninas

Assediado e feliz

Aquela cascata era um turbilhão

Lembro até dos piqueniques que fiz.

Agora só a saudade me apavora

Lembranças ah! Quantas lembranças

Da grota de pedras com lodo

Do rebojo dançarino na dança

Que envolvia teu íntimo como um todo.

E agora nada mais me resta

Apenas barrancos vazios,

Pedras descoloridas,

Nem as matas onde se fazia festa

Hoje estão sem as vestes

Despida.

Francisco Assis Silva é Bombeiro Militar

Email: assislike@hotmai.com

maninhu
Enviado por maninhu em 09/11/2011
Código do texto: T3326026
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