VINHO
Bebo o vinho da taça escura
Gosto de fel, sem doçura
Vinho acompanhado de solidão
Dividida em multidão
Triste amargura!
Bebo o vinho de preço elevado
Dentro em mim, revirado
Vento frio se estreita n’alma
Copos vários e calma
Suor relembrado.
Bebo o vinho seco, amargo
Suporto frios, retardo
Sobriedade que recorda
Alma partida, mórbida
Vivendo letargo.
Bebo o vinho, sangue clemente
Ebriedade consoladora, indecente
Êxtase forçado, constante
Visão dupla confortante
Espera somente.
Bebo o vinho do esquecimento
Revivo um fato, um momento
Olhar se perde no nada
Um calor que embriaga
Aquece relento.