Incompleto
Quem me dera saber viver
Se eu pudesse ao menos uma vez
Sentir o gosto da ternura e da alegria
Poder sorrir, e sentir o amor
Ver, crer que existo
Sentir que alguém me quer por perto
Chorar e ser acudido por quem me ama
Ser, e ter o que me cai bem
Poder olhar no espelho
E ver que o terror passou
E agora só me vem alegrias artistícas
E sentir o perfume, o calor do vento
Crer que é verdade
O que dizem de mim,
O fato de ser uma boa pessoa.
O que, pra mim, é mentira.
Será, a crônica da minha história,
O desterro da ignorância?
Se couber no mar o ínfimo dos meus sentimentos,
O infame de minhas alegrias, eu estarei bem!
Perguntas idiotas, meu caro amigo,
Não me canso de as cometer...
O infinito lamaçal de perguntas
Que inudam o meu ser, é eterno. Cai ao horizonte!
Ser, de fato, um bom homem, eu sou
Acreditar nisso, o que falo, é díficil.
É incompreensível o meu ser, o meu EU,
Não ser algo tão mesquinho, e hipócrita.
Se num futuro as pessoas sofrerem por mim
Eu deixo logo um recado, esqueçam, não o façam.
Não gastem lágrimas por alguém como eu
Eu sou, infelizmente, o que sou.
Mas, se minhas idéias mudarem, sofram,
Chorem, façam o que der e vier,
Mas enquanto esse dia não chega,
Esqueçam de sofrer por mim.