DOIS DE NOVEMBRO (FINADOS)
Hoje fui te visitar. Lá estava seu retrato triste.
Desbotado. Olhos miúdos com saudade da vida
Dos sonhos; tão sonhados, do ontem que já não existe.
Chorei lágrimas amargas, lágrimas na dor concebida
Por ter que deixá-lo ali em sua perpétua morada.
Quantas tristezas havia em meu coração enlutado?
Eu que deveras fui e serei sua eterna namorada
Cruzei meus braços, tapei os ouvidos, diante o consumado.
Assim, devagar, o tempo vai passando e cozinhando
Em fogo brando essa saudade ao amor perdido.
Anos e mais anos meus olhos estarão sempre chorando
Procurando ajuda no presente frio e reprimido.
DIONÉA FRAGOSO