O princípio das coisas
No princípio tudo era nada,
Então o homem transformou o nada em coisas,
E deu nome a essas coisas,
E o nada começou a existir.
Pelo menos,
No meu quarto tudo começou assim.
Pelo menos,
Na minha vida foi assim.
Lá, onde os homens de fora não interferem,
Onde a escuridão é minha amiga,
E o mundo ao redor ainda não foi feito.
De lá eu posso dar o nome que eu quiser
A todas as coisas.
E as vozes que ouço só dizem o que quero.
De lá eu controlo os ventos,
E a música que ouço é só a música.
Ela não precisa ser mais nada,
Ela não precisa dizer nada.
No meu quarto quando só há música,
Só a música
É a minha música.
Quando saio sinto medo,
Porque fora, a música que toca
Não é a minha música.
Lá fora os homens se devoram e se cospem.
As vozes que ouço só ofendem,
E não há espelhos.
Quando eu olho,
O que vejo... não sou eu.