O princípio das coisas

No princípio tudo era nada,

Então o homem transformou o nada em coisas,

E deu nome a essas coisas,

E o nada começou a existir.

Pelo menos,

No meu quarto tudo começou assim.

Pelo menos,

Na minha vida foi assim.

Lá, onde os homens de fora não interferem,

Onde a escuridão é minha amiga,

E o mundo ao redor ainda não foi feito.

De lá eu posso dar o nome que eu quiser

A todas as coisas.

E as vozes que ouço só dizem o que quero.

De lá eu controlo os ventos,

E a música que ouço é só a música.

Ela não precisa ser mais nada,

Ela não precisa dizer nada.

No meu quarto quando só há música,

Só a música

É a minha música.

Quando saio sinto medo,

Porque fora, a música que toca

Não é a minha música.

Lá fora os homens se devoram e se cospem.

As vozes que ouço só ofendem,

E não há espelhos.

Quando eu olho,

O que vejo... não sou eu.

Inael
Enviado por Inael em 07/11/2011
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