MEU RECANTO
Tocam os sinos na velha matriz
Dezoito horas
Senhoras penitentes
Para a missa diária se encaminham
Cabisbaixas, clementes.
Mães e avós em orações fervorosas
Pelos filhos e netos
Incerto, inseguro
Os que caminham e os que chegam
Passado e futuro.
Cidade pequena, vida miúda
Passos lentos ainda
Silêncios e flores
Nas ruas calmaria
Adolescentes amores.
Sinos dobram na velha matriz
Anúncios de morte
Cochichos e interrogações
A notícia grande
Pesares, reflexões.
Na rua brincam inocentes crianças
Vida devagar, ingênua
Aprendizado para o mundo
Momentos n’alma eternizados
Melancólico, profundo.
Alto do morro, cidade inteira
Recebe abraços da Boa Vista
Por-do-sol mais bonito
Vale verde, imenso de saudade
Horizonte infinito.
Em todo lado soam tambores
A cidade se cobre de cores
Parou o mundo, tudo
Ruas e praças em movimento
Coração mudo.
Gente sossegada, conversa de esquina
Dores do Indaiá na alma
Das Gerais belo canto
Destino de muitos
Meu recanto.