A Vanissima Senhora

Vanissima Senhora *

Alguém haverá

de gostar

do longo Poema

do Negro poeta.

Prolixo e superficial,

outros dirão (mais

o poeta que sua obra)

enquanto mastigam

a última sobra.

Eu nada direi;

e por pura

covardia

nenhum juízo farei.

Eu só quero

a lanhosa paz

de quando se diz "Sim".

Meu tempo correu

e meu "Não" está

semi extinto.

Abstenho-me

do Absinto,

do Absoluto

e do "Ab (SUS) penso".

Sou apenas

a sombra que vaga,

assustando os incautos

e quem ainda divaga.

Minha antiga insolência

já nada deflagra

e só me resta aguardar:

alguém num Domingo;

Elza, que logo virá fingir

que me banha;

Madalena, depois, que

finge alimentar-me e,

por fim, Helena. Não a

de Troia, "off course".

A todas e a todos

eu espero.

E, também, a quem mais

eu quero: a "Vaníssima Senhora"

que canta o Negro poeta.

Já tenho tantos anos,

que o meu ofício é só esperar.

Meu tempo é aguardar.

* da poética de Fausto Antonio - Ed. Quilombhoje - Coleção "Cadernos Negros - volume 28"