Minha arte
Se a solidão exaurível me queima
ou m'impele aos meus próprios paradoxos,
num âmbito de nua e crua indecência
afrouxo as rédeas do consciente tóxico.
Rimas alternativas eu faço dançar
na tela de cores frias e sem linhas,
as quais em minh'alma parecem infindas,
mistas e líricas, saindo do lugar.
Como numa inquietação de elétrons,
minha arte se dá num inconsciente herético;
ao entrelaçar o influxo difuso em versos,
dá à luz a obra o meu exausto estro.
Oh! Vivaz doença, atroz sina,
digno servo eu sou da vossa ruína.
Sigo nesse desalento que tanto me fascina,
outro pobre capaz usar a rima como morfina...