Moço Mancebo

Fugiram os Crentes

da Romaria,

seduzidos pelo

ouro da ouriversária

e pela luxúria

da dama incúria.

Sucumbiram aos prazeres

doutra festiva confraria

e para deleite da

nova companhia,

veneraram os deuses

da Orgia.

E tanta descrença

se lhes tomou,

que para a insanidade

pouco faltou.

De tudo e de todos

fizeram tal troça,

que ilibadas reputações

perderam-se

no caminho da roça.

A ninguém pouparam

e a todos apuparam.

Falange ensandecida

de almas mal paridas

em vielas perdidas.

E a sórdida quadrilha,

qual selvagem matilha,

a toda virgindade violava

e assim gerava

Monstros bastardos

e Ogros Retardos.

E gemiam e ganiam

pelo sangue,

o seu destino de gangue.

E nessas águas

charfudaram suas mágoas

até que avistaram

um "Moço Mancebo",

a quem chamaram

de "filhote de placebo".

E dele exigiram

que fizesse um Poema

para o Novo Sistema;

(mas como cantar

o que não se pode

aceitar?). E assim,

o pobre Mancebo

nu e indefeso,

viu-se preso.

E logo sentiu

a dor da Inocência

deflorada,

pelos sádicos

hereges

e brutos

almocreves.

Como ele, outros

inúteis heróis

foram bestas

açoitadas

que resistiram

para nada.

Como outros,

também ele ouviu a sorrelfa

um Canto Direitista

e outro Anarquista

enquanto lhe vazavam

a Crença e a vista.

E a Nau dos Insensatos,

fantoches caricatos,

prosseguiu sua rota

e dobrou sua aposta,

do jeito que o Diabo gosta.

E assim será

até que outra Romaria

abasteça de novos Crentes

as caldeiras dos Dementes.